sexta-feira, 15 de abril de 2011

O BATALHÃO PERDIDO

O Batalhão Perdido


A brava resistência de 554 americanos, cercados pelos alemães por seis dias na Frente Ocidental

Pelo outono de 1918 os Exércitos Aliados tinham começado a avançar regularmente em toda a Frente Ocidental. Todos, menos um, estavam exauridos por quatro anos de massacres contínuos e estavam bem próximos dos limites de seus recursos de potencial humano, suas fileiras exauridas sendo preenchidas com homens mais velhos e jovens conscritos. Os franceses, levados além do possível, tinham se amotinado no ano anterior e os ingleses, enojados pelos banhos de sangue do Somme e do saliente de Ypres, tinham adotado uma atitude profundamente cínica para com seus líderes. Finalmente, a vitória parecia estar a seu alcance e isso os tangeu a fazer um esforço final, decisivo, que poria um fim a sua miséria coletiva.

A exceção era o recentemente formado Primeiro Exército dos Estados Unidos, do General John J. Pershing. O que tornava os americanos diferentes era seu físico e, acima de tudo, seu entusiasmo. As colunas de americanos, compostas inteiramente de voluntários saudáveis, no primor da idade militar, marchavam decididamente para a frente, duma forma que não era vista desde aqueles dias impetuosos, idealistas, de agosto de 1914.

A força de pré-guerra do exército americano era minúscula e, desde a declaração de guerra deles, tinha se expandido em tal velocidade que seu crescimento tinha ultrapassado o seu programa de aquisição de equipamentos. Mesmo assim, os ingleses e franceses estavam tão ansiosos para que as formações americanas entrassem na lide que tinham completado as carências de boa vontade, suprindo tanques, metralhadoras, capacetes de aço e muitos outros itens.

Em 26 de setembro o Primeiro Exército Norte-Americano, com o Quarto Exército Francês na sua esquerda, começou o que se tornou conhecida como a ofensiva do Mosa-Argone. A tarefa dos americanos era limpar a floresta de Argone, uma área com muitas árvores, rompida por íngremes espinhaços e desfiladeiros profundas. Neste período, o exército alemão, apesar de desiludido pela falha das ofensivas de primavera em mtrazer-lhe a prometida vitória e desmoralizado por sucessivas derrotas, tinha recuperado algum de seu espírito de luta e estava determinado a manter o inimigo fora da pátria. Em Argone, estava mantendo posições adaptadas de forma ideal para a defesa, empregando ninhos de metralhadoras com campos de fogo cruzados, junto com alambrados de arame farpado e telas de galinheiros habilmente arranjadas, de forma a criar campos de fogo no mato espesso, que por si reduziria a visibilidade do atacante a uns poucos metros. Depois de uns poucos dias deste tipo de difícil luta em floresta, na qual o contato com as unidades vizinhas era praticamente impossível, Pershing deu ordens para que o avanço prosseguisse “sem preocupar-se com as perdas e com as condições expostas dos flancos”. Como um resultado direto dessas instruções, surgiu uma situação da qual cresceu uma das mais notáveis histórias da guerra, a lenda do Batalhão Perdido, apesar das tropas envolvidas saberem exatamente onde estavam e que elas, em um sentido lato, não serem de forma alguma um batalhão.

Na extrema esquerda da linha de avanço americana estava a 77ª Divisão, do General de Divisão Robert Alexander, recrutada de novaiorquinos de diversas origens nacionais [Guardas Nacionais]. Cedo pela manhã de 2 de outubro, Alexander deu ordens para um avanço geral ao longo da frente divisional, marcando como objetivo a estrada La Viergette-Moulin de Charlevaux, que corria de leste a oeste. Seguindo-se a uma barragem de artilharia, a divisão avançou com uma frente de duas brigadas, com a 153ª Brigada na direita e a 154ª Brigada na esquerda. A primeira logo teve seu movimento interrompido por pesado fogo vindo de terreno elevado a sua frente, as a 154ª Brigada progrediu de forma regular, lentamente empurrando o inimigo para trás.

Liderando o avanço da brigada estava o 1/308º [1º Batalhão do 308º Regimento], comandando pelo Major Charles Whittlesey, um alto e sério advogado de Wall Street, usando óculos, conhecido por seus homens como Bird Legs [Pernalonga]. Um profundo desfiladeiro, com encostas em precipício, cheia de arbustos, corria em diagonal ao longo da linha de avanço do batalhão, dividindo-o, com as Companhias A, B e C à direita do obstáculo e a Companhia D à esquerda. A seguir vinha o 2/308º, comandado pelo capitão G. McMurtry, outro advogado, mas um que tinha servido com os Rough Riders de Theodore Roosevelt no morro de San Juan, durante a Guerra Hispano-Americana. Acompanhando Whittlesey, McMurtry tinha suas Companhias E, G e H na direita do desfiladeiro e a Companhia F na esquerda. Incorporados a ambos batalhões, estavam destacamentos das Companhias C e D do 306º Batalhão de Metralhadoras.

O 308º de infantaria já tinha estado em ação durante os seis dias precedentes e ambos, Whittlesey e McMurtry estavam operando com bem menos de metade de seu efetivo regular. Enquanto combatiam no avanço, sofreram mais 90 baixas, mas capturaram 30 prisioneiros e três metralhadoras.

“Ao alcançar o objetivo”, escreveu Alexander, “uma posição para passar a noite foi tomada. Esta posição estava a cerca de quinhentos metros a leste do Moulin de Charlevaux, em um barranco íngreme que desce da estrada até o fundo do desfiladeiro. As seções de metralhadoras foram colocadas nos flancos da linha e o flanco esquerdo foi recuado um pouco, tendo em vista dar segurança ao que era visto como o lado mais perigoso. Os homens, naturalmente, cavaram abrigos individuais e prepararam-se para defender suas posições, como ordenado”.

Os dois comandantes de batalhão tinham cerca de 550 homens com eles, mantendo uma área oval de cerca de 320 metros de comprimento, por 65 de profundidade. Desta, uma série de postos de estafetas foi organizada, para levar mensagens de volta para as linhas americanas. Ambos os comandantes de batalhão estavam preocupados com as Companhias D e F, que estavam fora de contato e ainda do lado errado do desfiladeiro. Naquele momento, nenhum dos dois achava que passavam por qualquer perigo imediato e ambos acreditavam que o avanço americano os iria alcançar na manhã seguinte.

Na verdade, seu avanço tinha sido o único bem sucedido ao longo de toda a frente do corpo de exército e, a sua esquerda, os franceses também tinham falhado em conquistar qualquer terreno. Mais ainda, depois de escurecer, os alemães começaram a se infiltrar de volta na linha de trincheiras que os americanos tinham ultrapassado, dispersando os postos de estafetas e reocupando-a em força. Enquanto isso, Alexander, ciente da brecha que tinha sido aberta entre o seu flanco esquerdo e os franceses, ordenou que dois batalhões, o 3/307º e o 3/308º, se voltassem para a esquerda e estabelecessem uma linha entre eles e Whittlesey. A manobra, feita depois de escurecer, na confusa paisagem da floresta, com contatos intermitentes com o inimigo, somente resultou em trapalhadas. O alvorecer de 3 de outubro encontrou ambos os batalhões dispersos e no lugar errado mas, por volta das 07:00 hs a Companhia K do capitão Nelson M. Holderman, com 82 homens, conseguiu estabelecer contato com o perímetro de Whittlesey.

Whittlesey já tinha enviado a Companhia E, comandada pelo tenente Karl Wilhelm, para contatar as Companhias D e F e trazê-las para o perímetro. Fogo pesado logo mostrou que Wilhelm tinha encontrado problemas. Pouco depois, o tenente Lenke chegou de volta com somente dezenove homens, para relatar que eles tinham sido emboscados e que os postos de estafetas tinham sumido; Whilhelm, com mais dezoito sobreviventes, conseguiu cruzar o desfiladeiro e voltar a segurança.

Agora era evidente para Whittlesey, McMurtry e Holderman que eles estavam isolados. A maioria de seus homens tinham entrado em ação com rações para somente dois dias, muitas das quais já tinham sido consumidas. A situação de munição também deixava a desejar. Com a permissão de Whittlesey, McMurty circulou a seguinte nota entre os comandantes de Companhia: “nossa missão é manter esta posição custe o que custar. Sem retiradas. Faça com que todos os homens sob o seu comando entendam isso”.

A seguir, Whittlesey chamou o soldado Omer Richards, que se apresentou com sua cesta de vime contendo oito pombos-correio, alguns dos 600 supridos por criadores ingleses ao exército norte-americano. Whittlesey rabiscou algumas notas para Alexander, dando sua posição aproximada e pedindo munição, comida e apoio. Dois pássaros foram então soltos depois que as mensagens foram inseridas em tubos metálicos nas suas pernas, e alcançaram o pombal divisional em segurança.

Alexander já tinha tentado fazer suas brigadas se moverem de novo na madrugada, mas uma grossa neblina de outono pairava entre as árvores e tornava qualquer forma de controle, sem falar de orientação, impossível. Como um comandante de companhia lembrou-se, “me achei com dois estafetas, perdido em um mundo cego de alvura e ruído, tateando por sobre algo que parecia ser a superfície da lua. Literalmente não se podia ver dois metros adiante e, por todos os lados, o terreno surgia em pináculos nus e cristas ou descia para abismos meio cheios com enferrujados obstáculos de arame”. O ataque parou, foi repetido durante a tarde e parou de novo, desta vez com pesadas baixas.

Entretanto, os alemães tinham lançado um cinturão ao redor da posição de Whittlesey, a cerca de 200 metros além de seu perímetro. Os defensores começaram a sofrer fogo de atiradores de escol, metralhadoras, morteiros e artilharia, mas conseguiram repelir um ataque. Neste momento, cerca de um terço deles tinha sido morto ou ferido e os parcos suprimentos médicos tinham acabado. Whittlesey enviou um terceiro pombo, pedindo que munição e comida fossem jogados por aviões. Depois de anoitecer ele percorreu suas companhias, reassegurando seus feridos e encorajando o resto. Depois disso, a opinião geral das tropas era que o Pernalonga não era tão ruim assim; de fato, era bem legal.

Durante a tarde, Alexander foi chamado ao quartel-general do corpo, do Tenente-General Hunter Liggert, onde a próxima fase da batalha seria planejada. Foi ali, evidentemente, que a imprensa soube que um razoável número de tropas americanas estavam presas atrás da linhas inimigas e dentro de mais ou menos um dia os relatos a respeito de um Batalhão Perdido começaram a circular entre os jornais americanos mais populares. Acredita-se que a frase tenha se originado em um telegrama de um editor de jornal, pedindo maiores informações. (...) Para o público parecia que se Whittlesey fosse forçado a se render, o inimigo poderia dizer que seria uma vitória, e isso não era politicamente aceitável. Pressão foi feita diretamente sobre Pershing, que por sua vez pessoalmente incitou Alexander a fazer uma “vigorosa tentativa” de romper as linhas.

Em 4 de outubro, o Primeiro Exército norte-americano fez um bom progresso em todos os lados, menos no seu flanco esquerdo. Dentro do bolsão, metade dos homens de Whittlesey tinham sido mortos ou feridos. McMurtry, atingido no joelho por estilhaços de artilharia, ainda era capaz de mancar pelas linhas, assim como Holderman, que tinha sido ferido três vezes. A visão de enfermeiros removendo bandagens daqueles que tinham morrido e usando-as de novo nas baixas mais recentes, levou Whittlesey a despachar diversos pombos a mais, com mensagem: “a situação esta reduzindo nossas forças rapidamente. Os homens sofrem de fome e exposição aos elementos e os feridos estão em uma condição muito ruim. Apoio não pode ser enviado imediatamente?” Hora seguia-se a hora sem sinais de ajuda, pontuadas por volteios regulares de granadas de mão explodindo entre as trincheiras americanas, jogadas pelo inimigo nas encostas acima.

Preocupado com o fracasso de seu ataque da manhã, Alexander ordenou que sua artilharia divisionária bombardeasse o inimigo cercando o bolsão. Durante a tarde, um avião sobrevoou diretamente os americanos presos e soltou um sinal luminoso. Em minutos o número de granadas explodindo dentro do perímetro tinha aumentado de forma dramática, e a fonte da maioria delas era claramente americana ou francesa.

Enquanto as baixas continuavam a aumentar, Whittlesey escreveu em urgente frenesi: “Nossa própria artilharia está lançando barragens diretamente sobre nós! Pelo amor de Deus, parem!” Richards tirou outro pombo de sua cesta, somente para ver ele fugir. Restava só um pombo, um macho chamado de Cher Ami. Richards prendeu a cápsula a sua perna e o soltou, mas depois de completar seu círculo de orientação, pousou em um galho e começou a espenicar. Paus e pedras não conseguiram desalojá-lo. Finalmente, depois que um enfurecido Richards subiu na árvore e sacudiu o galho, ele voou e foi para seu pombal. Os alemães, bem cientes da relevância dos pombos, abriram fogo contra ele. Uma bala removeu parte de sua perna, fez um furo através de seu tórax e cegou um olho. Ele cambaleou e começou a perder altitude. Então se recuperou e foi adiante, desaparecendo bem além do inimigo para o sul. Pouco depois, a chuva de granadas americanas cessou abruptamente. Este incidente de “fogo amigo” matou ou feriou mais 80 dos homens de Whittlesey; se a mensagem não tivesse chegado e o bombardeio continuasse, parece provável que o bolsão teria sido eliminado. Do jeito que foi, Cher Ami tornou-se um herói nacional. Suas feridas foram tratadas e agora em honrada aposentadoria, foi levado de volta para os Estados Unidos, onde morreu um ano depois. Preservado e exposto de forma adequada, ele ainda pode ser visto no museu Smithsonian.

Um ataque foi lançado contra o bolsão tão logo a artilharia americana cessou os disparos. Foi repelido e quando estava escuro o suficiente, voluntários, ignorando o risco de atiradores de escol, fizeram a perigosa jornada até as águas barrentas do riacho no funda do desfiladeiro, para apanhar água. Por volta das 21:00 hs, fachos de iluminação foram lançados ao longo de todo o perímetro, mas granadas caíram entre as trincheiras e uma voz clamou para que os americanos se rendessem. À exigência, raivosamente rejeitada, seguiu-se um outro ataque, que também foi repelido.

Em 5 de outubro uma tentativa foi feita de abastecer o bolsão pelo ar. O problema era que uma combinação de neblina, fumaça e árvores tornava muito difícil aos pilotos identificar a posição de cima. Um avião se perdeu e os poucos e pequenos pacotes que foram jogados tentadoramente caíram além do perímetro. A atividade inimiga durante o dia se resumiu ao lançamento morro abaixo de granadas, agora amarradas em feixes, para terem maior efeito e fogo de atiradores de escol. O som de combates pesados para o oeste indicava que os franceses estavam avançando e a esperança de salvação começou a aumentar, somente para serem frustradas quando os alemães recuperaram suas perdas ao fazerem um pronto contra-ataque. Uma tentativa simultânea de rompimento, por parte de um dos regimentos da 77ª Divisão, foi repelida e Alexander, rapidamente perdendo paciência, demitiu o oficial comandante da unidade em questão.

O dia seguinte também se passou sem um grande ataque contra o bolsão e começou a parecer que o inimigo tinha decidido subjugar os americanos pela fome. A fome, de fato, tinha se tornado tão intensa que muitos homens tinham começado a mastigar folhas caídas e a casca de árvores. Pouca ou nenhuma água podia ser dada aos feridos gemendo, que agora espalhavam-se por todos os lados. Naquela noite, entretanto, Whittlesey, sem nenhum outro meio de comunicação com Alexander, enviou um oficial e dois homens com um relatório de situação. Por uma combinação de dissimulação e boa pontaria eles passaram, levando com eles detalhes sobre brechas nas defesas alemães, e esta informação sem preço foi usada no planejamento do ataque do dia seguinte.

O dia 7 de outubro quase viu o bolsão ser conquistado. Assim que a alvorada surgiu, as dores da fome se tornaram tão intensas para nove homens da Companhia H, que se aventuraram para recuperar um dos pacotes de ração jogados pelos aviões. Os alemães estavam justo esperando uma tentativa dessas e os emboscaram, matando cinco e capturando o resto. Os sobreviventes se acharam face a um tenente que falava inglês, que tinha passado seis anos nos Estados Unidos como representante de uma companhia alemã de tungstênio. Ele rabiscou uma nota para Whittlesey, na qual explicou que o portador, soldado Lowell R. Hollingshead, tinha se recusado a responder as perguntas de seu interrogador e estava agindo forçado, continuando:

“Seria bem inútil resistir ainda mais, em vista das condições atuais. O sofrimento de seus feridos pode ser ouvido aqui nas linhas alemães e apelamos para seus sentimentos de humanidade para parar. Uma bandeira branca erguida por um de seus homens será suficiente para nos informar que você concorda com essas condições”.

Whittlesey discutiu a nota com McMurtry e Holderman. McMurtry estava com uma bala alojada no seu ombro e seu joelho estava infeccionado, inchado até o tamanho de uma bola de futebol, de forma que ele só podia se mover com dificuldade, apoiado em um galho grosso. Holderman tinha sofrido quatro ferimentos, mas ainda podia se mover, usando dois fuzis como muletas. Os três concordaram que nenhuma resposta era necessária e Whittlesey deu instruções para que os painéis brancos para reconhecimento aéreo fossem removidos, para que não pudessem ser interpretados pelo inimigo como um sinal de rendição. Quando a informação começou a circular pelo perímetro que uma exigência de rendição tinha sido feita, isso resultou no disparo de uma barragem de obscenidades contra as linhas alemães.

Tendo recebido sua resposta, os alemães, à tarde, lançaram um grande ataque, liderado por lança chamas. Uns poucos homens, aterrorizados e no final de seus recursos, quebraram e fugiram ante essas terríveis armas, somente para serem parados por Whittlesey e atirados de volta às linhas. Duas das metralhadoras Hotchkiss foram perdidas temporariamente, mas uma terceira matou os operadores de lança-chamas e o ânimo do ataque perdeu-se Holderman, apoiado em pé em suas muletas temporárias ao lado do atirador da metralhadora, disparava com sua pistola automática Colt .45, abatendo seu quinto oponente justo quando recebeu seu quinto ferimento.

Quando os atacantes desapareciam os sons de um renovado combate vieram das árvores entre o bolsão e a linha de frente americana, mas desta vez foi se aproximando cada vez mais. Logo se tornou claro que os alemães estavam recuando para o norte, não só porque sua linha estava sendo penetrada pelo renovado ataque de Alexander, mas também porque avanços em outros locais no setor americano os tinham flanqueado, ameançando-os de serem, por sua vez, cercados. Por volta das 19:00 hs, justo quando a última luz estava desaparecendo, uma patrulha do 307º de infantaria, liderada pelo tenente Richard Tillman, alcançou o bolsão sem encontrar qualquer resistência. Mais e mais homens do regimento foram chegando, de bom grado distribuindo suas próprias rações aos esfomeados sobreviventes enquanto os enfermeiros faziam o que podiam pelos feridos deitados nas trincheiras e crateras de granadas em todos os lados. Pela primeira vez desde que tinha chegado, os homens de Whittlesey aproveitaram uma noite de descanso tranqüila.

Alexander caminhou até a posição cedo na manhã seguinte e encontrou Whittlesey, macilento e abatido, ainda cuidando do bem estar de seus feridos. O encontro entre os dois foi breve, formal, mas não sem cordialidade – uma troca de continências, um apertar de mãos e um quieto “Como está você”. Alexander estava claramente espantado ao inspecionar o cemitério que tinha se transformado a posição do Batalhão Perdido e Whittlesey estava muito exausto para querer conversar. Pouco depois, ele liderou para fora os seus 194 homens ilesos remanescentes, deixando para trás 107 mortos e 190 casos que necessitavam de evacuação por maqueiros. De 63 homens, não havia traços; ou foram despedaçados, eram prisioneiros nas mãos do inimigo, ou vagavam em algum lugar nas matas, suas mentes levadas além dos limites da resistência.

Se o Batalhão Perdido tivesse sido derrotado ou forçado a se render, sem dúvida teria havido um inquérito e a probabilidade é que durante as recriminações subseqüentes Whittlesey tivesse sido transformado em um bode expiatório. (...) Do jeito que foi, o exército tinha recebido um exemplo clássico de liderança e obstinada determinação e a sua reputação elevou-se a grandes alturas. Tendo consultado Liggett, Alexander informou que Whittlesey tinha sido promovido à tenente-coronel, McMurtry a major e que ambos tinham recebido a medalha de honra do congresso, assim como Holderman.

Fonte deste artigo: Bryan Perret. Against All Odds! More Dramatic ‘Last Stand’ Actions



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