sábado, 11 de dezembro de 2010

FAROL DAS CONTENDAS

Farol das Contendas com a lanterna a funcionar.

BALADA PARA ANGRA - JOSÉ DANIEL MACIDE

José Daniel Macide in Crónicas com Flores, 18 de Junho de 1996


É pecado dizê-lo, amor, mas se eu fosse Deus, serias irremediavelmente a minha namorada. Apanharia com doçura a tua mão esguia e os teus dedos breves como madrugadas azuis do nosso silêncio e saberia, então, encostar-me à tua baía de todas as bonanças. Se eu fosse Deus, amor, ia percorrer-te a cada instante nas tuas marginalidades e nos teus epicentros sempre prontos a bulir e acabaria, irremediavelmente pecaminoso, ancorado a uns lábios de um luar saboroso até que o mar acabasse. Amor, se eu fosse Deus, iria ajoelhar-me até ao fim de tudo para te levar, com glória, para um reino que não é deste mundo.
Decerto que endoideci de paixão. Em vez alguma poderei entrançar-me nos teus cabelos longos e lindos e belos, nem adormecer sossegadamente no teu colo de verdura terna. Levou-te o mar para presente dos Oceanos. Eles são valentes e grandiosos, mas não foi isso que tinhamos combinado.

OS ÚLTIMOS ENGRAIXADORES - CRÓNICA DE JOSÉ DANIEL MACIDE

“Mestre Evaristo e José Cagão serão, porventura, os únicos engraxadores com carteira profissional da nossa praça. Apesar de todas as inovações, engraxar ainda é uma profissão. Evaristo e José, apesar de tudo, são concorrentes. A arte de engraxar tem, contudo, segredos que o cidadão distraído desconhece. O unto, quase sempre, é que dá o brilho final, mas não há modernices que cheguem a uma boa puxadela com uma tira de cotim.
Evaristo e José praticam o mesmo horário. O ofício de engraxar obriga a que comecem e acabam cedo, maneira subtil de cativar a freguesia. A clientela é quem lhes paga e a clientela quer o servicinho a tempo e horas. Custe o que custar, que o brilho às vezes não tem preço. Há-de chegar o dia em que alguém se lembrará deles como figuras decorativas da Praça Velha. Nesse tempo, porém, já não haverá ninguém com caixa aí a polir calçado. Mestre Evaristo e José Cagão, quando abalarem, não deixarão seguidores. Eles são os últimos engraxadores da nossa praça com carteira profissional”.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

7- CORPO ATLÂNTICO - POESIA DE HUGO SANTOS

7

Deixei adormecer as mãos sobre o teu corpo.
Foram e vieram ventos: as quentes águas
viajam sob as furnas.
Como calar na tua boca a febre dos incêndios,
a lava da pele em Agosto?
Quero-te como se fosses a única fonte possível
aos meus lábios. Como se depois de ti
a luz fosse apenas a memória
de, um dia, ter havido luz.
Gasto-me e recupero-me no cansaço de tomar-te.
De tua ferida contento meu ferir.
Toco o fundo do êxtase, a agonia das margens.
Todos os caminhos vão dar ao coração da luz.

ILHA TERCEIRA

Arco Íris

Arco Íris, com o Monte Brasil ao fundo.

A BOA BIFANA

A boa bifana...acompanhada por uma fresca cerveja Sagres.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

6 CORPO ATLÂNTICO - POESIA DE HUGO SANTOS

6

Sou, desta ferra, o primeiro filho.
Escrevo o teu nome na solidão vigilante
das falésias debruçadas para o mar.
Agricultor de esperas,
recolhi as últimas chuvas de Dezembro.
plantei a árvore, dobei o linho,
esperei o canto-mago dum rouxinol no álamo.
As palavras foram-se sempre
a contra-luz dos silêncios.
"Bebe-me inteira", pediste,
"para que esqueças assim a sede dos exílios".

Costa da Ilha Terceira

Negrito

Caldeira do Monte Brasil

Caldeira do Monte Brasil na Ilha Terceira.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

5 - CORPO ATLÂNTICO - POESIA DE HUGO SANTOS

5

Um deus errante atravessou o vale
com suas vagarosas sandálias de silêncio.
Não tinha rosto, nem voz, nem (que se saiba)
o corpo leve e ondulante de alguém
que viesse anunciar prodígios.
Sentou-se numa pedra,
dedilhou seu violino de ventos
e deixou na luz rósea do poente
o rasto transparente de duas mãos
amparando o dia que findava.
Indefeso como a brisa, conta-se,
perdeu-se pelo rumor das sombras
que desciam dos mais altos cedros da colina.
Tinha, sei-o, olhos lúcidos e tranquilos
dum catalogador de naufrágios.

Farolim dos Porto das Cinco Ribeiras - Ilha Terceira

O Farolim do Porto das Cinco Ribeiras, pertence à Balizagem da Capitania de Angra do Heroísmo.

Ermida de Santo António no Monte Brasil

A Ermida de Santo António foi mandada edificar em 1615 pelo governador da Fortaleza de São João
Baptista, D. Gonçalo Mexia. Ali, todos os anos se faziam festas que duravam treze dias, sempre com
grande animação e muitas pessoas. Trata-se de uma ermida simples e modesta, realçada pela graça
de ficar na encosta do Monte Brasil por entre o denso e verdejante arvoredo.

Aeroporto da ilha do Pico

A Aerogare do Aeroporto da Ilha di Pico

Ilha do Pico

A bela montanha da Ilha do Pico.

Ilha Terceira

Monte Brasil visto de São Mateus - Ilha Terceira.

Pôr do Sol

Por do Sol visto do Negrito - Ilha Terceira

ANGRA DO HEROÍSMO - CIDADE PATRIMÓNIO MUNDIAL

Rua de Santo Espírito em Angra do Heroísmo, Cidade Património Mundial.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

07 de Dezembro 2010

São neste momento 21:49, dia 07 de Dezembro de 2010. Está muito mau tempo, muito frio, muita chuva e muito vento.
De vez em quando caem umas grandes bátegas de chuva e, o ventro sopra com intensidade.
Está mesmo um final de dia muito desagradável.
Caíu granizo esta tarde, a temperatura está nos 8ºC.

4 - CORPO ATLÂNTICO - POESIA DE HUGO SANTOS

4

A felicidade é não ter palavras
para atear o fogo.
A boca verte-se sobre a boca
como uma fonte ou a nascente de um rio.
Bebemos, copulamos a água
e esperamos as naves.
O corpo nu sob o frio da tarde,
as algas entre os dedos.
"Respira-me como se eu fosse o fruto,
o vento, o sumo do medronho.
Ou, se souberes, cala.
Enquanto amas, as palavras esperam".

Porto da Horta

Iate no interior do Porto da Horta - Faial.

Zona do Negrito

Zona do Negrito - Ilha Terceira

CRUZEIRO DO CANAL

Cruzeiro do Canal no Porto da Horta - Faial

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

ESTRELA AÇOREANA

A bela lancha da caça à baleia Estrela Açoreana. Esta lancha é propriedade da Junta de Freguesia de São Mateus - Ilha Terceira.

ARROZ DE LAPAS

RELAX TOTAL

3 - CORPO ATLÂNTICO - POESIA DE HUGO SANTOS

3

As mãos celebram a dúctil harmonia
da rocha e da paisagem
e amparam os ventos que descem da colina.
Dir-te-ei que há um pássaro azul
que desce vagarosamente sobre as palavras.
Um cheiro a mirto, a alfazema e rododendro.
Os camponeses passam, de cabeça baixa,
sem saudar a terra. Caminham
pelo halo de sombra dos crepúsculos.
O dia morre lentamente no voo alvo
das últimas garças de Maio.
De boca encostada à terra
respiro o quente odor das tuas virilhas.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O JUDO NA ILHA TERCEIRA

Actualmente vive-se novamente um grande clima de instabilidade no Judo Terceirense. Os problemas voltam a ser os mesmos, é sempre o mesmo filme com a mesma lenga lenga.
Quem sofre é a modalidade que não se desenvolve, prejudicada constantemente por interesses pessoais. Enquanto não forem estirpados os verdadeiros problemas, enquanto não aparecer sangue novo, ao nível do dirigismo, não há volta a dar. O Judo Terceirense vai continuar atolado nos problemas de sempre.
Falta um líder, com grande capacidade para organizar e impor um novo modelo de funcionamento, no qual devem aparecer projectos.
Resta a cada clube tratar de seguirem o seu caminho, o melhor que puderem, manterem e se possível aumentar o seu número de praticantes, porque o futuro da Associação de Judo da Ilha Terceira é muito negro.

Algures na Ilha Terceira

2 - CORPO ATLÂNTICO - POESIA DE HUGOSANTOS

2

Como dizer que te trago
nas mãos, no sangue, na própria sombra
dos silêncios?
Como recusar a fugidia memória
das ausências?
Sobre a mesa dispões o pão,
a espera.
Pela noite remomoras
a luz frágil das albas.
Talvez esperes as naves, o som dum búzio
adormecido sob as ondas.
Ou talvez cantes.