sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

7- CORPO ATLÂNTICO - POESIA DE HUGO SANTOS

7

Deixei adormecer as mãos sobre o teu corpo.
Foram e vieram ventos: as quentes águas
viajam sob as furnas.
Como calar na tua boca a febre dos incêndios,
a lava da pele em Agosto?
Quero-te como se fosses a única fonte possível
aos meus lábios. Como se depois de ti
a luz fosse apenas a memória
de, um dia, ter havido luz.
Gasto-me e recupero-me no cansaço de tomar-te.
De tua ferida contento meu ferir.
Toco o fundo do êxtase, a agonia das margens.
Todos os caminhos vão dar ao coração da luz.

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