terça-feira, 12 de abril de 2011

O CÓDIGO MORAL DO JUDO

O Código Moral do Judo

Ao conceber o Judo, Jigoro Kano soube, por um lado, recolher a herança, simultaneamente, das técnicas de combate tradicionais do seu país e das preocupações da educação total do indivíduo, nas vertentes física e psíquica, bem como, dos valores cívicos e morais para a cidadania. Por outro lado, soube dar-lhe uma forma adaptada à vida moderna, sem perda de originalidade e sem o abandono do valor das tradições. Desta forma, foi com êxito que “impôs” ao Japão e ao mundo esta nova modalidade. De facto, o Judo atravessou fronteiras, conquistou todos os países, penetrou em todas as culturas, criando uma verdadeira ponte entre os povos.

O Mestre Kano exprimiu os objectivos essenciais da prática do Judo, através dos seguintes postulados:

"melhor emprego da energia"

"prosperidade e benefícios mútuos"

Os valores do domínio individual, de tenacidade no esforço, de cortesia, de igualdade de espírito na vitória e na derrota, que devemos procurar no Dojo, contribuem largamente para desenvolver uma personalidade apreciada por todos, fazendo do Judo uma escola de valores, tão actuais como na época do mestre Kano.

Estas premissas são consubstanciadas num Código Moral, segundo uma lista de valores essenciais que é necessário respeitar e as virtudes que cada Judoca deverá adquirir:

Delicadeza, Coragem, Sinceridade, Auto-Controlo,

Honra, Modéstia, Amizade e Respeito.

A Delicadeza e Cortesia são valores que se impõem desde o início, no jovem Judoca, sob a forma de uma "etiqueta" (conjunto de regras de um cerimonial em prática numa instituição) simples mas rigorosa. É através deste valor que o jovem compreende as implicações das suas atitudes. Na essência, é um conjunto de regras que determinam o comportamento de um grupo social passíveis de compreensão e respeito.

A Coragem dos Heróis é aquela que é obtida fruto de uma acção pontual. No Judo a coragem é de outra ordem: o saber começar sem grandes objectivos, continuar mesmo com resultados pouco animadores (obstinado) e nunca desistir (sem esperança). A coragem passa também por fazer o que é justo e leal.

A Modéstia, falar de si sem orgulho ou vaidade. Exprimir-se com moderação, evitando encarar as vitórias e as medalhas como as únicas referências de sucesso, devendo, pelo contrário, encorajar e elogiar o esforço efectuado, bem como, o progresso individual atingido independentemente dos resultados alcançados.

O Respeito, o respeito pelo próximo, faz nascer a confiança, sem respeito não pode haver verdade.

A Sinceridade, exprimir-se sem pensamentos ocultos.

Auto-Controlo, manter-se calmo, mesmo quando a raiva aumenta.

A Honra, ser fiel à palavra dada, com honestidade.

A Amizade, deve ser privilegiada, é o mais puro dos sentimentos humanos.

O Judo é um ramo de todas estas flores

O Judo é escola da vida, as graduações (Kyus e Dans) permitem-nos medir passo a passo, os nossos próprios progressos nas três componentes do Judo:

O Shin, o Ghi e o Tai

O objectivo dos mestres de Judo não é apenas a formação de campeões ou das técnicas do Judo, mas ajudar os jovens a sentirem-se bem na sua vida quotidiana, a viverem em harmonia no ambiente que os rodeia, a serem cidadãos em pleno.

Em Portugal, o Judo transformou-se num verdadeiro desporto para todos, em que cada um é capaz de encontrar o seu lugar, fazer amigos, progredir, triunfar à sua medida, ganhar prazer, manter ou melhorar a sua condição física, exprimir e desenvolver a sua personalidade, no pleno respeito da personalidade dos outros.

O Judo tem uma identidade própria, com valores, normas e símbolos que o distinguem no quadro da dinâmica cultural de outras modalidades, sendo de facto uma actividade de elevado valor educativo.

É importante que o jovem compreenda que no Judo podem coexistir as duas vias, competição e expressão técnica, que apreciam por meios diferentes o mesmo valor combinado shin-ghi-tai (espírito, técnica e eficácia).

O Shin - Espírito

Desde o início, o professor ensina o praticante a respeitar o cerimonial, a tornar-se mais paciente, atento e concentrado. No Dojo, a cortesia revela-se em ínfimos pormenores, desde a saudação até à entreajuda na aprendizagem, na competição, o respeito pelo adversário, tornam o Judoca leal, reforçando o "espírito desportivo" e o fair play. Este desenvolve a sua "força mental" e a capacidade de superação, através de: saber querer e querer no bom sentido.

O GHI - Técnica

O praticante passa horas a aprender, a repetir, a explorar as subtilezas de um grande número de acções complexas, de ataque e de defesa. Com a ajuda do professor começa a aprender os "princípios". O Judoca apropria os conheci- mentos teóricos e aumenta o repertório técnico/táctico; adquire habilidade e perícia, tornando-se exímio na execução técnica, procurando de forma constante progredir.

O Tai - Eficácia

O resultado do esforço no trabalho e espírito de sacrifício, que o praticante dedica ao Judo proporciona-lhe um corpo vigoroso e de forma harmoniosa. Desenvolvendo as capacidades motoras, possibilita-lhe uma maior eficácia em combate.









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